23 março 2016

SIGURD, O GUERREIRO LENDÁRIO



Em nosso post anterior, explicamos o que é um herói, e como o seu imaginário atende a diversas culturas. Aos nórdicos, tal criação não é diferente, e é em Sigurd que nasce a figura do seu herói clássico.
Sigurd, ou Siegfried, como é comumente conhecido por nós, graças à tradução do germânico, é o filho pośtumo de Sigmund e sua esposa Hiordis.
Sigmund era um descendente dos Volsungs, uma poderosa raça de reis, e foi visto como grande até pelo próprio deus Odin.
Em uma noite de festa no salão dos Volsungs, um homem velho adentrou à mesma, e cravou uma poderosa espada em um tronco de árvore que se erguia no meio do salão, dizendo que somente o mais bravo e honrado dos guerreiros poderia retirá-­la. Todos tentaram, mas apenas Sigmund foi capaz de fazê-­lo, e foi assim que passou a ter em mãos a poderosa espada Gram, forjada pelo velho, que não era outro que não Odin, rei dos deuses de Asgard.
Odin então testou Sigmund e sua espada, mas viu que a mesma não era forte o suficiente para combater sua lança Gungnir, quebrando a arma de seu adversário, e matando-­o com o golpe. Em seu leito de morte, Sigmund profetiza à sua esposa o nome de seu filho, e diz que o mesmo será o maior de todos os guerreiros, ainda maior do que ele próprio.
Sigurd nasce, mas acaba sendo enviado para ser criado por um anão, de nome Regin. O anão era irmão de Fafnir, um ardiloso e cruel ser, que matara o próprio pai para tomar o seu ouro, no meio do qual estava o poderoso Anel de Andvari, que trazia consigo uma maldição. 
Com o poder do anel, Fafnir se transforma num gigantesco dragão, a fim de melhor proteger o ouro (onde já vimos uma história parecida com isso mesmo?).
Sigurd enfrenta então o poderoso dragão, ao reforjar a espada de seu pai, agora dando-lhe
o nome de Balmung.


De posse de tão formidável arma, é capaz de derrotar o terrível dragão e ao se banhar com seu sangue torna-se indestrutível,exceto por um pequeno ponto, onde uma folha lhe cobre e o sangue do animal não o toca.
Podemos ver nessas passagens como a relação de ideias se misturam nas diversas culturas, ainda que sem querer. Qual é a grande diferença na história da espada Gram, cravada no tronco de uma árvore, com Excalibur, retirada por Arthur de uma pedra? Assim como Aquiles, o poderoso semideus grego e seu conhecido calcanhar, Sigurd também tem apenas um ponto de vulnerabilidade, um único ponto que o liga à mortalidade dos homens. Fica então em nossa mente a pergunta final: Será realmente apenas uma coincidência tais relações? Ou há algo mais por trás de tudo?
Continuando com a história de nosso bravo Sigurd, após se transformar num guerreiro lendário, coberto em glória e ouro, só faltava uma coisa para que sua vida se tornasse completa: Uma mulher à altura. E é em Brunhilde,uma das Valquírias, filhas do deus Odin, que ele encontra seu par perfeito. Ela se acha presa em um castelo envolto em chamas, por ter desafiado a vontade de seu pai, mas
Sigurd a resgata,e assim, se apaixonam. Porém, tendo os dois se envolvido em uma égide de mentiras e traições, Brunhilde acredita ter sido enganada pelo seu amado, e em sua vingança,acaba levando Sigurd à morte. Entretanto, ao descobrir que de fato estava enganada, cria uma pira funerária para ambos, acabando por tirar sua própria vida, para seguir para o mundo dos mortos junto de seu amado.
Apesar do fim trágico, a história de Sigurd reverborou pelos tempos. Ela serve de inspiração para Richard Wagner criar a sua obra “O Anel dos Nibelungos”. Em muitos pontos, como o dragão Fafnir que protege o seu ouro, um amor inimaginável entre Sigurd e Brunhilde, ou a maldição de um anel que controla e tenta a todos, até mesmo os deuses, tiramos as bases para a vasta história do “Hobbit” e do “Senhor dos Anéis, criados por Tolkien. 
Em uma versão mais moderna, Sigurd aparece com seu nome germânico Siegfried no mangá “Saint Seya”, ou “Os Cavaleiros do Zodíaco”, como chegou no Brasil, como um dos guardiões de Hilda, também dominada pelos Anel dos Nibelungos.
Ao contemplar a história completa, podemos enxergar como Sigurd atravessa cada uma das fases da Jornada do Herói, se tornando um exemplo característico desse substrato que é o herói. Ele nasce como um simples homem, mas logo se eleva à condição de supremo, tanto que na obra de Wagner, ele próprio derrota o deus Odin em batalha, servindo de arauto para o início do Ragnarok, o Crepúsculo dos Deuses, mas este meus amigos, é o tema para outra matéria.

Um grande abraço a todos, e obrigado pela visita.




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